Nossas Devocionais

O conforto do chamado de Deus

por

Vocacionados

O conforto do chamado de Deus

Confesso que ter essa oportunidade de falar sobre chamado é um desafio, pois como saber quais boas obras que o Senhor preparou de antemão para que as realize (Ef 2:10). Para alguns, isso simplesmente fica muito claro num momento da vida, como Paulo quando Deus o chamou e comissionou a uma missão evangelística aos gentios. Para outros, como este que vos escreve, mesmo Deus falando, a dúvida paira sobre a mente, assim como Gideão que pede sinais para o Senhor. Creio, então, que podemos falar sobre este chamado falando primeiro de dois chamados prévios que serão base para o chamado que o Senhor nos dá.

O primeiro chamado é onde tudo começa. Onde a Graça nos encontra e a voz de Deus ressoa em nós, mortos em nossos próprios delitos, e nos vivifica (Ef 2:1). O chamado crucial que é a base fundamental para qualquer chamado que possamos desempenhar. Não há chamado missionário se o evangelho não está vivo, ressoando, em nosso coração a ponto de transbordar em anunciá-lo a todos. Não há chamado de ministro de louvores ou músico se o espírito não estiver sido vivificado para adorar o Senhor em espírito e em verdade. Ainda que possamos realizar algum trabalho bom, serão trapos imundos, pois não são regados com Fé. Lembrar deste chamado consola meu coração, pois é lembrar quem é Aquele que me chamou e o que fez por mim. É lembrar da sua Graça que me vivificou e me fez crer em Cristo. Se sua Graça me fez isso, há de me capacitar para atender ao chamado que há de me submeter.

O segundo chamado é a aplicação prática do primeiro chamado à nossa nova criatura: o chamado à santificação (1Pe 1:15-16). Paulo nos exorta em Colossenses 3 a mortificar tudo o que pertence a natureza terrena (v5 a 9) e a nos revestirmos da nova natureza (v10). Mais do que se revestir, mas desenvolver nossa salvação (Fp 2:13) em cada perímetro de nossa vida, seja nossos desejos, nossos relacionamentos ou nossas finanças, que tudo seja feito para a glória de Deus. Porém, a Graça não atuou no primeiro chamado apenas, mas atua no segundo, sendo a causa motriz dele também, pois Deus atua na nossa santificação, tanto no querer quanto no realizar (Fp 2:14). Mais uma vez, Deus nos conforta por estar conosco também no segundo chamado.

Por fim, chegamos ao chamado que toma nossa mente e coração. Mas o que seria esse chamado? Bem, seria o chamado de glorificação ao Senhor edificando a sua Igreja. É o nosso amor prático ao Senhor sendo aplicado ao seu rebanho. Quando Pedro é questionado três vezes por Jesus se ele o amava, Jesus o exorta ao serviço de cuidar do povo de Deus. Ou seja, não há como amar ao Senhor sem um relacionamento com seu povo, sem um relacionamento regado por amor (1Jo 3:16). Quando olhamos para Paulo, após escrever sobre dons espirituais em 1Co 12, vai nos introduzir ao dom superior, que é a base do uso de qualquer dom: o amor. Logo, todo dom ou ministério que recebemos do Senhor, no fim, é um dom e ministério da igreja para igreja. Não temos nada por nós mesmos, mas recebemos do Senhor para glória do Senhor e edificação da Igreja.

Entendendo o objetivo do chamado e a base para executá-lo, podemos falar de alguns pontos importantes que precisamos manter em foco em nossa caminhada de ministério. Primeiro, rogar ao Senhor para nos manter constantemente reverentes a Ele. Pois todas as coisas são dele, por ele e para ele, inclusive nosso ministério. Podemos ser tentados a nos especializarmos tecnicamente em teologia, sermos bons exegetas ou ótimos músicos, mas se nossa reverência e devocional ao Senhor se resumir a uma tarefa comum da nossa rotina diária, seremos tentados a roubar para nós a glória que deve ser destinada ao Senhor. Porém, nosso Senhor é bom e sua misericórdia é grande, pois nos chama ao arrependimento e teu Santo Espírito nos conduz de volta ao caminho da humildade e reverência. Se este é seu caso, saiba que o Senhor é fiel e justo para perdoar nossos pecados (1Jo 1:9), basta que confesse ao Senhor e se arrependa.

Agora, se por um lado de extremo cuidado que investimos tanto tempo em se “profissionalizar” em teologia a ponto de toda a revelação de Deus se tornar comum e assim perdermos a reverência, há também a irreverência de ser medíocre. De não dar o melhor de si ao Senhor e ao seu povo. Preparar uma pregação sem devido estudo, cantar um louvor sem ao menos ensaiar e se preparar, qualquer serviço que seja, se feito de maneira desleixada, pecamos para com o Senhor. Com isso, se há um chamado pulsando em seu coração, que se dedique em estudar e se preparar com tudo o que pode, mas buscando alento e auxílio no Senhor da criação, sabendo que é dependente dele.

Para encerrar, gostaria de nos lembrar de que vivemos na grande tensão do “já e ainda não”. Muitas vezes, mesmo buscando dar o melhor, falharemos. Seremos tentados a pecar e pecaremos. Teremos pecados escondidos a serem tratados, os quais lutaremos constantemente. Ainda não atingimos o corpo glorificado e nesta terra teremos a luta contra nossa carne. Mas, que este sentimento de limitação nos leve a nos jogarmos aos pés de Cristo para que ele nos levante e nos conduza. Que estas limitações nos façam esperar mais fervorosamente pela glória vindoura que nos libertará deste corpo e Deus nos dará um corpo novo, preparado para servi-lo na eternidade plenamente. Que o Senhor o abençoe em seu chamado.

Fernando Carvalho.

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