Nossas Devocionais

O que o orador vê – A resposta não verbal dos ouvintes

por

André Galvão Soares

O que o orador vê - A resposta não verbal dos ouvintes

Este é o primeiro de uma série de posts que trará um curso de retórica. Este primeiro artigo falará sobre “O que o orador vê – A resposta não verbal dos ouvintes”.

Qualquer comunicação pública na igreja que tenha a finalidade de promover algum ensino envolve (ou deveria envolver) dois processos: a preparação do conteúdo (isto é, o sermão ou o roteiro de uma aula) e a preparação para a entrega do conteúdo. Eu gostaria de deixar claro, antes de mais nada, que o nosso curso não tratará da preparação do conteúdo, mas apenas da entrega dele. O que nós faremos ao longo de nossas seis sessões será apresentar estratégias comunicativas que facilitem a conexão do orador cristão com o seu público, tornando o seu discurso mais eficaz e penetrante. Em uma palavra, o nosso curso será sobre retórica, a arte da eloquência. Não queremos esconder de ninguém que o nosso objetivo declarado é formar mestres cristãos que sejam como Apolo, que não apenas era “poderoso nas Escrituras”, mas também “eloquente” (At 18.24).

Buscar ser um bom comunicador é apagar o Espírito?

Talvez alguém imagine que estudar retórica é apagar o Espírito (1Ts 5.19). Afinal, o Espírito não precisa que sejamos eloquentes para que ele consiga aplicar a mensagem cristã ao coração de uma pessoa. Só é necessário que anunciemos o Evangelho com fidelidade. Pode ser que alguns até usem o exemplo de Jonathan Edwards para comprovar esse ponto. Ao pregar o seu mais conhecido sermão, “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, conta-se que esse santo homem de Deus praticamente não usou gesticulação alguma; ele fez uso de um tom sempre monótono, leu o seu sermão todo e praticamente não fez contato visual com os seus ouvintes. Porém, quando ele terminou de pregar, muitas pessoas, prostradas ao chão, gemiam e suplicavam a Deus que tivesse misericórdia delas.
Viu só? O exemplo de Edwards comprova que não precisamos ser eloquentes, mas apenas fiéis na exposição do Evangelho. Será? Esse exemplo realmente elimina a necessidade de estudarmos a retórica? Creio que não. Em primeiro lugar, o que se entende por boa comunicação varia conforme a cultura e o tempo. Além disso, ainda que consideremos que a oratória de Edwards tenha sido ruim (mesmo para os padrões retóricos da época), não se seguiria que não precisamos buscar ser oradores melhores. Sim, Deus pode usar poderosamente mestres cristãos que, como oradores, são um desastre. Contudo, precisamos deixar claro que isso deve ser colocado na categoria de milagre. Um milagre ocorre quando Deus, de maneira extraordinária e sobrenatural, interfere na ordem natural dos eventos. Se você tem, digamos, uma necessidade urgente de exatos R$ 1.237,49, Deus pode, segundo a sua vontade, agir de forma extraordinária e sobrenatural, despertando o coração de um irmão para, do nada, passar em sua casa e lhe doar exatamente essa quantia. Isso seria um milagre.
No entanto, essa não é a maneira habitual como Deus age. Milagres, por definição, são ocorrências incomuns. Deus comumente age por meios ordinários e naturais. Convenhamos que é muito mais corriqueiro que quem tenha a necessidade de R$ 1.237,49 seja suprido por meio do seu próprio trabalho, e não por meio de uma doação sobrenatural. O mesmo Deus, porém, que, em casos muito específicos, age de forma sobrenatural age, com regularidade, por vias naturais. Deus é tão supridor daquele que consegue o seu dinheiro por meio do trabalho quanto daquele que o consegue por meio da doação miraculosa de um irmão.
O mesmo vale para a comunicação pública dos oradores cristãos: Deus realmente pode usar oradores ruins (o que, repito, seria um milagre), mas a forma habitual como ele age é usando bons oradores. Buscar aprofundar-se na arte retórica não é uma declaração de independência em relação ao Espírito Santo, assim como trabalhar para conseguir o sustento diário, ir ao médico quando se está doente e estudar para passar no vestibular também não são atos que revelam um coração que quer ser autossuficiente. É realmente muito importante que saibamos que o nosso Deus não age apenas quando coisas extraordinárias acontecem, mas que ele está em atividade mesmo quando tudo o que temos é o curso natural dos eventos. O mesmo Deus que, por vezes, se digna em usar oradores ruins usa, com muito mais frequência, bons oradores. Os Edwards da vida (se é que, de fato, Edwards foi um orador ruim) são exceções; as regras são os Ambrósios, os Spurgeons, os Lloyd-Jones, os Hernandes.
Portanto, não há motivos para não buscarmos ser oradores melhores. Deus é honrado quando nos esforçamos para alcançar os meios naturais que ele mesmo instituiu para atingirmos certos fins. Mesmo que ele possa implantar em nossa mente todo o conhecimento necessário para passarmos no vestibular, ele é honrado quando nos esforçamos para estudar, reconhecendo que foi ele mesmo que instituiu esse meio para obtermos conhecimento. Ainda que ele possa suprir todas as nossas necessidades financeiras por meio de doações de desconhecidos, ele é honrado quando nos esforçamos para trabalhar, reconhecendo que esse foi o meio natural que ele determinou para nos dar sustento. Da mesma forma, embora ele possa usar oradores sem nenhum tipo de refinamento retórico, ele é honrado quando nos esforçamos para ser oradores melhores, com a consciência de que o Evangelho bem comunicado foi o meio natural que ele mesmo instituiu para tocar os corações dos ouvintes.

O que é a comunicação, afinal?

Até agora, temos falado sobre comunicação. Como, porém, podemos defini-la? Entender bem esse conceito e o que ele envolve é fundamental para que nos desenvolvamos como oradores. Você já parou para pensar que, na raiz do verbo “comunicar”, está a palavra “comum”. Comunicar é tornar algo comum; é, em outras palavras, compartilhar alguma coisa.
Contudo, quando proferimos um discurso, o que tornamos comum, isto é, o que compartilhamos? Repare bem que o verbo comunicar, quando usado com o sentido de dirigir a fala a alguém, é reflexivo: nós nos comunicamos. Isso é fenomenal! Comunicar-se é tornar a si mesmo comum, ou seja, compartilhar a si mesmo. Quando você se dirige a uma pessoa, está compartilhando com ela um pouco de si mesmo. Na medida em que se dá a conhecer enquanto fala, mostrando o que há em seu coração e revelando os seus comprometimentos mais íntimos, você é, nesse sentido, o objeto da comunicação, ou seja, você é aquilo que é tornado comum, aquilo que é compartilhado.
Assim, ao se comunicar com uma pessoa, você se compromete a, generosamente, compartilhar a si mesmo com ela. O que você quer é revelar-se a ela, a fim de que o que há no seu coração e que, de outra forma, seria inacessível para ela lhe seja claramente apresentado e influencie a vida dela. E, no caso do orador cristão, o que há (ou que deveria haver) no seu coração é Jesus. O mestre cristão, ao se comunicar, quer comunicar Jesus. Em outras palavras, enquanto busca revelar a si mesmo para o seu público, ele quer, em última análise, revelar Jesus. Jesus está nele e faz parte de quem ele é. Jesus está no centro de sua identidade. Portanto, ao se comunicar, isto é, ao compartilhar e revelar a si mesmo aos seus ouvintes, o orador cristão, inevitavelmente, compartilha e revela Jesus.
Somente um orador em cujo coração Jesus habita será capaz de comunicá-lo enquanto se comunica. Afinal, não somos capazes de comunicar ou compartilhar algo que não possuímos. Aquele que compartilha algo que não é seu é um estelionatário, um vigarista; é um hipócrita, na acepção do termo. O nosso curso não tem o objetivo de formar hipócritas, mas ajudar aqueles que realmente são habitados por Jesus a comunicá-lo de forma efetiva, clara e cativante enquanto comunicam a si mesmos com os seus ouvintes.
O que deve ficar claro para você a essa altura é que o seu objetivo enquanto orador cristão é, por meio da fala, revelar o que há no seu coração, ou seja, quem você é em essência. Ao manifestar-se e doar-se aos seus ouvintes, o que se evidenciará é quem está no centro de seu coração e de sua vida: Jesus. Esteja certo de que, sempre que tiver a oportunidade de falar em público sobre o Evangelho, não se comunicará como um estelionatário, compartilhando aquilo que não é seu. Comunique-se como alguém que é genuinamente habitado pelo Cristo ressurreto, como alguém que, ao se manifestar por meio da fala, certamente manifestará Jesus.

Estou falando sozinho?

Já que comunicar-se é revelar e compartilhar a si mesmo, o ato comunicativo nunca é solitário. É impossível comunicar-se sozinho. Você pode, claro, falar sozinho (embora isso seja um pouco estranho), mas não pode se comunicar sozinho. Para se comunicar, você sempre precisa de alguém com quem possa compartilhar o que é seu, pois não há como compartilhar consigo algo que já pertence a você. O compartilhamento sempre demanda um terceiro, aquele que receberá o que é seu.
Além disso, quando nos comunicamos, queremos que o objeto de nossa comunicação (o Cristo que habita em nós) afete a vida dos nossos ouvintes tanto quanto afetou a nossa. O objetivo da comunicação é sempre influenciar aqueles com quem compartilhamos o que há dentro de nós. Essa pessoa com quem compartilharemos a nós mesmos e a quem nos revelaremos precisa, naturalmente, responder à doação que recebeu. Sempre que alguém compartilha algo com outra pessoa, espera uma resposta. A comunicação é sempre responsiva, dialógica, interativa. Aquele que se comunica espera que aquele a quem ele se deu a conhecer também lhe manifeste o seu coração, a fim de tornar claro se foi afetado intimamente pelo que ouviu.
A resposta do interlocutor, muito frequentemente, é um pedido por esclarecimento, uma objeção, uma declaração de concordância. Talvez alguma parte de nossa comunicação não tenha ficado suficientemente clara. Talvez algo que falamos tenha suscitado algum tipo de dúvida ao nosso ouvinte. As suas respostas à nossa fala serão valiosas e nos ajudarão a tornar a nossa comunicação mais clara e efetiva. Aquele que se comunica, se tem realmente o objetivo de influenciar o seu interlocutor, precisa estar muito atento à maneira como este responde e reage ao que ouve.
Mesmo quando proferimos discursos públicos, devemos esperar que os que nos ouvem nos respondam de alguma forma. Ainda que, em uma pregação, palestra ou aula, não haja espaço para que os ouvintes expressem suas respostas verbais ao que ouvem, devemos ficar muito atentos às suas reações não verbais. Pode ser que os nossos ouvintes não tenham a oportunidade de interromper a nossa fala e pedir esclarecimento sobre algum tópico que não lhes tenha ficado claro, fazer algum comentário, expressar algum tipo de concordância verbal, fazer alguma objeção etc. Entretanto, nós não apenas nos comunicamos de maneira verbal, mas também de maneira não verbal. O orador sábio estará bem atento à linguagem não verbal de seus ouvintes, a fim de que saiba como deve adaptar o seu discurso, quando precisa oferecer explicações adicionais, onde investir mais tempo.

Como interpretar a linguagem não verbal dos nossos ouvintes?

Como podemos entender o que os nossos ouvintes nos comunicam sem usar palavras? As expressões, gesticulações e movimentos deles são de suma importante para nós, visto que é por meio desses atos comunicativos que as respostas deles ao nosso discurso podem ser conhecidas. Como vimos acima, essas respostas, caso as levemos em consideração, podem nos ajudar a tornar a nossa comunicação mais clara e precisa.
Se você, por exemplo, estiver pregando ou dando uma palestra para um público de 100 pessoas e perceber que a maioria delas (ou que grande parte delas), enquanto você fala, boceja, ou faz pouco contato visual com você, ou cochila, ou mexe no celular, ou se mostra muito inquieta no banco, você pode voltar para a sua casa após o seu discurso e se consolar com o pensamento de que os seus ouvintes eram mundanos demais. Infelizmente, há, de fato, muitos membros de igrejas que demonstram pouquíssimo interesse pelo Evangelho. Há muitos que, no momento do louvor, levantam as mãos, choram, emocionam-se, ficam arrepiados; mas, quando o pregador sobe ao púlpito para proclamar a Palavra de Deus, independentemente de quem seja, entram em um estado de sonolência. Isso realmente acontece e é uma lástima.
Contudo, pare para pensar comigo: se, sempre que você fala publicamente, as mesmas pessoas que vibram e são participativas quando ouvem outros oradores acabam se mostrando sonolentas e desatentas, será que o problema não está em você? Uma pessoa não é necessariamente mundana por bocejar enquanto ouve o Evangelho. O que pode acontecer com qualquer um é que uma fala monótona e sem nenhum tipo de preocupação estética o deixe sonolento. A pessoa pode amar Jesus de todo o coração e ser uma crente fiel, mas é realmente difícil estar totalmente atento quando o orador deixa transparecer que a mensagem que ele prega não é importante.
Sim, é exatamente isto: quando você opta por pregar de uma forma pouco vívida, a verdade é que acaba passando pouca credibilidade, como se a sua mensagem não fosse importante. Se, por exemplo, eu entrar num recinto com passos lentos e preguiçosos, uma feição indiferente, ombros curvados para baixo e, com uma voz baixa e monótona, disser: “corram, o edifício está em chamas”, alguém me levará a sério? No entanto, se eu chegar correndo, com uma seriedade estampada em meu rosto e com terror em meus olhos, tendo os braços abertos tanto quanto possível, e berrar: “corram, o edifício está em chamas!”, a probabilidade de me levarem a sério não é muito maior?
O que quero dizer é que a indiferença das pessoas que ouvem o seu discurso não necessariamente é um problema delas. Pode ser que seja, claro. Mas também pode ser que o problema seja a forma como você tem se comunicado. Esteja sempre muito atento à maneira como as pessoas se comportam enquanto você fala. Não ignore a linguagem não verbal delas, porque, sim, os seus ouvintes estão respondendo ao que você fala, mesmo que sem palavras.
Por outro lado, tome cuidado para interpretar corretamente as respostas não verbais dos seus ouvintes. É sempre necessário que você as contextualize. Se, por exemplo, você percebe que uma boa parte dos seus ouvintes estão atentos ao que você diz (riem quando você fala algo engraçado, balançam a cabeça afirmativamente quando você diz algo com que concordam, meneiam a cabeça quando você conta uma situação que causa indignação, fazem uma expressão de dúvida quando você diz algo confuso, movimentam-se pouco nos banco, mantêm um contato visual constante com você), mas há algumas poucas pessoas que parecem desatentas e dispersas, pode ser que o problema maior esteja nelas. Mesmo assim, você não deve se precipitar e concluir que aquelas três pessoas que cochilaram durante o seu discurso o fizeram por serem mundanas. Talvez uma dessas pessoas tenha tido uma semana extenuante. Pode ser que o irmão que ficou mexendo no celular estivesse fazendo anotações de sua pregação. Talvez a pessoa que não parava de se mexer no banco esteja com um problema sério na coluna, de forma que não há nenhuma posição confortável para ela.
Não se prenda muito a casos específicos. Esteja atento ao comportamento médio dos seus ouvintes. Pode ser, evidentemente, que algumas pessoas se mostrem desatentas. Eu diria que isso é inevitável. O problema se dá quando grande parte das pessoas não dá atenção a você. Se isso tem acontecido sistematicamente, talvez seja a hora de você considerar seriamente a possibilidade de buscar melhorar como orador. É bem possível que o problema maior esteja na forma pouco atrativa como você se comunica.

Como eu devo me comportar enquanto ouço uma pregação?

Há, porém, o outro lado da moeda: todos nós que nos comunicamos publicamente também somos ouvintes em outros momentos. Quem dá aula também pode ser aluno. Quem prega também ouve pregações. Todos nós somos ouvintes. Como podemos ser bons ouvintes para os comunicadores públicos na igreja? Você sabia que, se formos bons ouvintes, cooperaremos de forma ativa para a melhoria da qualidade do discurso daquele que nos dirige a palavra? A maneira como lhe respondemos afeta a qualidade e clareza do discurso dele. Não temos apenas um papel passivo enquanto ouvimos alguém, mas também um papel ativo. Por exemplo, quando você conta para os seus pais como conseguiu resolver um problema dificílimo no trabalho, eles lhe dão total atenção, usam expressões faciais condizentes com o teor da história, proferem interjeições apropriadas, fazem perguntas em busca de esclarecimento. Eles estão realmente interessados em entender o que aconteceu e celebrar com você. Ao verificar o interesse genuíno deles, você conta a sua história de maneira mais apaixonada, clara, envolvente, vívida.
Pense agora em um contexto bem diferente. Talvez o seu ouvinte não seja tão solícito e atento quanto os seus pais. Pode ser que a pessoa a quem você se dirige não demonstre um pingo de atenção a você. Se você contasse para o seu chefe a mesma história que havia contado para os seus pais, e ele sequer levantasse a cabeça, não fizesse nenhum contato visual com você e, indiferente, continuasse digitando em seu computador, você se sentiria profundamente constrangido e desconfortável. A sua reação natural seria encurtar a história o máximo possível, pular logo para o fim, diminuir o tom da sua voz e sair rapidamente desse ambiente hostil. Você apenas gostaria de acabar o quanto antes com essa experiência tão angustiante.
A conclusão à qual quero levá-lo é: ouvintes interessados e simpáticos nos tornam oradores melhores, ao passo que ouvintes hostis e indiferentes nos tornam oradores piores. Os pregadores e professores são muito encorajados quando se deparam com uma plateia genuinamente interessada e responsiva. De fato, quando nos conscientizamos de que uma boa parte de nossa comunicação não é verbal (ainda que a nossa comunicação não verbal não equivalha exatamente a 93% de toda a nossa comunicação, como se popularizou), fica claro que, embora não tenhamos espaço para responder verbalmente ao pregador ou professor, podemos e devemos lhe oferecer um feedback não verbal. Precisamos interagir com ele, ainda que sem palavras. Temos de usar a nossa linguagem não verbal para mostrar-lhe que lhe damos atenção, de forma a impactar e influenciar diretamente a qualidade do seu discurso. Isso o encorajará. A maior decepção de quem fala é perceber que aqueles a quem se dirige não lhe dão atenção. Isso o desalenta profundamente e o faz sentir-se desrespeitado e menosprezado.
Portanto, seja gentil e atencioso para com aquele que profere um discurso público, ainda que ele não seja o melhor comunicador do mundo. Mantenha sempre um contato visual com ele. Jamais acesse as suas redes sociais enquanto ele fala. Busque manter expressões faciais condizentes com o teor do discurso. Se acontecer de o pregador ou professor dizer algo muito confuso, não há problema algum em você fazer uma expressão de dúvida. Isso o ajudará a fazer os ajustes necessários em sua fala. Em suma, apenas não seja indiferente. Nada é mais desanimador para quem se comunica que perceber que não lhe dão atenção.

O meu nervosismo pode me levar a uma comunicação menos eficaz?

Por fim, quero lidar com uma última situação. É bastante comum que pregadores e professores tenham a sua comunicação dificultada por um nervosismo que os assola sempre que precisam falar em público. Há um temor santo e reverente que sempre devemos ter ao ensinarmos o povo de Deus. Essa é uma tarefa extremamente solene, pois envolve a educação teológica e doutrinária do povo de Deus. Ai de quem levar o rebanho de Deus ao erro! Tiago, irmão de Jesus, chega a dizer que os mestres serão submetidos a um juízo mais severo (Tg 3.1). Portanto, há realmente um temor que jamais devemos deixar de sentir ao nos postarmos diante do povo de Deus para lhe dirigir a palavra.
Por outro lado, nem todo temor que sentimos é tão santo assim, convenhamos. Por vezes (na maioria das vezes, talvez), o que nos leva a temer não é a presença de Deus na reunião dos santos. Tememos porque temos um amor desmedido pelo nosso nome e nossa reputação. Se formos bem sinceros, reconheceremos que, em muitas ocasiões nas quais o medo quase impedia que a nossa voz fosse ouvida, o que havia no mais íntimo do nosso coração era um receio de que, ao não termos um bom desempenho, as pessoas não fossem capazes de perceber o quão extraordinários somos. Na base do nosso nervosismo costuma estar o temor de não conseguirmos mostrar a nossa glória para as pessoas.
Caso os seus discursos estejam sendo prejudicados pelo nervosismo, é hora de fazer uma reflexão importante: o medo que o paralisa é realmente santo? Será que ele não nasce do desejo diabólico de tomar para si a glória que pertence a Deus? Se esse for o caso, você precisa, em oração, esvaziar-se de si mesmo e lembrar-se de que você foi chamado para tornar famoso o nome de Jesus Cristo, e não o seu próprio, enquanto busca ser o melhor comunicador possível.

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