Sl. 111
Introdução: Muitos textos da Bíblia referem-se às obras de Deus. Veja-se, por exemplo, Dt. 11: 7, onde Moisés diz ao povo para guardar os mandamentos de Deus e amá-Lo, por terem visto “toda a obra que o Senhor fez”; Sl. 102: 25: “Desde a antiguidade fundaste a terra; e os céus são obras das tuas mãos”; já o Sl. 78: 11 chama a atenção do povo por terem “esquecido das obras e das maravilhas que Deus realizou entre eles”. Esquecer-se das “obras de Deus” leva indubitavelmente ao ocorrido em Jz. 2: 7-11. Portanto, para não incorrermos no mesmo erro dos israelitas, vamos juntos com o salmista recordar algumas das “obras do Senhor” enumeradas neste belo salmo.
1. “Aleluia”, ou “Louvai ao Senhor” (vs. 1). O termo “aleluia” soa como um brado de admiração do salmista diante da grandeza das obras do Senhor. É um convite, mas com o verbo no imperativo, no qual ele conclama os eleitos do Senhor para louvá-Lo. Não pode restar nenhuma outra alternativa a alguém que tenha conhecido o que Deus realizou e realiza, senão louvá-Lo com todas as forças do seu ser. Mas o salmista inclui dois ingredientes no seu propósito de louvar ao Senhor:
a. “Louvarei ao Senhor de todo o meu coração”. O salmista não se contenta em apenas louvar a Deus. Ele deseja louvá-Lo de todo o coração. Isto significa entrega absoluta em um êxtase consciente de alegria e de total realização pessoal.
b. “Na reunião da congregação dos justos”. O salmista não deseja ser um adorador solitário ou contemplativo apenas. Ele quer companheiros na sua empreitada de louvar a Deus. E onde ele deseja louvá-Lo? Na congregação dos justos. Ele quer louvar juntamente com aqueles que, como ele, encontraram sua realização no Senhor (Sl. 33: 1). O louvor traz muitas bênçãos (II Cr. 20: 21, 22; Sl. 67: 5-7). Louvor é coisa de quem conhece e ama ao Senhor.
2. Dimensão da obra de Deus (vs. 2-6).
a. “Grandes são as obras do Senhor”, por isso são “procuradas por todos os que nelas tomam prazer”. Tudo o que Deus faz é grandioso. Seja quando Ele cria o universo com toda sua exuberância e complexidade (Sl. 8: 3, 4), ou quando Ele apenas nos ensina sobre a nossa lida diária (Is. 28: 23-29).
b. A obra do Senhor é revestida de “glória, majestade, justiça e eternidade”. A glória de Deus só pode ser observada por aquele que O conhece (Sl. 33: 5b; II Rs. 6: 16, 17). A majestade de Deus é reconhecida naqueles que O buscam em primeiro lugar (Mt. 6: 33). É muito comum ouvir-se indagação da justiça de Deus por causa de atos humanos. Mas o crente sabe que Deus não comete injustiça (Gn. 18: 20-25). A obra que Deus realiza é eterna. Do Deus eterno só procedem feitos eternos (Ec. 3: 14a; Fl. 1: 6).
c. A obra de Deus é lembrada porque Ele é piedoso e misericordioso (vs. 4). Quando a Bíblia contrapõe o homem a Deus e revela “que não há sequer um justo; ou alguém que busque a Deus”, reconhece de imediato que Ele é um Deus que se apieda da miséria humana baseado na Sua misericórdia. Isto é demonstrado pelas obras que Ele realiza pelo Seu povo:
Deu mantimento ao Seu povo, por causa do Seu concerto eterno. Deus fez uma aliança com Abraão de que preservaria sua descendência. Ele não quebra essa aliança; ela é eterna (Hb. 13: 20, 21).
Mostrou o Seu poder “dando-lhe a herança das nações”. Assim como era impossível Israel conquistar Canaã por sua própria força, a Canaã celestial nos será dada também pelo poder de Deus demonstrado em Cristo Jesus, por quem temos acesso a todas as riquezas celestiais.
3. A natureza das obras de Deus (vs. 7-9).
a. As obras de Deus são firmadas na Sua verdade, justiça e fidelidade. Todas as promessas de Deus ao Seu povo se cumprem porque são firmadas na verdade, justiça e fidelidade, atributos pessoais Seus. Tudo se cumpre por causa d’Ele mesmo.
b. As obras de Deus “permanecem firmes para todo o sempre”. A obra de Deus é imutável: seja sentenciando o ímpio às penas eternas, seja salvando o crente (Hb. 5: 9).
c. Por ser santo e tremendo o Seu nome, a redenção efetuada por Ele é baseada na Sua eterna aliança. Redenção na economia bíblica é o pagamento realizado pela libertação de escravos. Jesus é o preço da nossa redenção (I Pe. 1: 18, 19).
Conclusão: Finalmente o salmista convida o povo a reverenciar o grande nome de Deus, pois isso revela sabedoria e reconhecimento. Quem assim procede sempre terá motivos permanentes para louvá-Lo por Suas grandiosas obras em favor do Seu povo. Que o Senhor nos abra os olhos do entendimento para percebermos todas as obras grandiosas que Ele tem realizado em nosso favor, como fez o salmista neste belíssimo salmo.